Igreja Batista Memorial em Jardim Catarina

Como Barro nas Mãos do Oleiro

COMO BARRO NAS MÃOS DO OLEIRO
mensagem pregada pelo Pr. Acyr Júnior
“Esta é a palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor: vá à casa do oleiro, e ali você ouvirá a minha mensagem. Então fui à casa do oleiro, e o vi trabalhando com a roda. Mas o vaso de barro que ele estava formando estragou-se em suas mãos; e ele o refez, moldando outro vaso de acordo com a sua vontade. Então o Senhor dirigiu-me a palavra: ó comunidade de Israel, será que eu não posso agir com vocês como fez o oleiro?, pergunta o Senhor. Como barro nas mãos do oleiro, assim são vocês nas minhas mãos, ó comunidade de Israel.” (Jeremias 18.1-6)
Jeremias é o profeta que está profetizando quando o cálice da ira do Senhor contra o seu povo já está nos limites. Deus mostra a figura de um povo que está entrando uma rota de autodestruição, simplesmente por causa de escolhas equivocadas. Jeremias era chamado de profeta chorão porque Deus mostrava para ele, em antecipação, a ruína que viria sobre o Reino do Sul.
E quando a gente pensa hoje sobre profeta de Deus, a gente pensa naquele que vem dizer aquilo que a gente quer ouvir, ou aquele que vem acalentar o nosso coração, aquele que de alguma maneira nos vem fazer sentir melhor diante das nossas misérias. Eu não quero dizer que o profeta também não tenha essa função, mas, biblicamente falando, o trabalho profético na época do Velho Testamento era muito perigoso.
Naquela época os profetas eram apedrejados, e Jesus falou sobre isso, pois o profeta tinha uma tarefa chorosa, dolorosa, a tarefa de abrir os olhos das pessoas para as ruínas que elas mesmas criaram e para os processos de autodestruição nos quais elas se inseriram. Jeremias estava ali, tendo a tarefa de avisar ao povo de Israel que ele estava às portas do cativeiro da Babilônia. E isso, de fato, aconteceu! Os judeus amargaram um longo tempo de cativeiro na Babilônia.
Quantos aqui, de alguma maneira, também não estão exilados? Quantos aqui não são cativos de si mesmos? Quantas famílias aqui não são cativas? Quantos de nós não somos cativos de alguma coisa, ou do amor ao dinheiro, ou da necessidade de afirmação, ou de um complexo de inferioridade? Falar para um grupo deste tamanho é falar para uma diversidade de histórias, é tentar tecer uma rede com fios tão diferentes, tão diversos. Porém, nós temos algumas coisas que nos identificam:

  • Todos nós somos amados pelo Senhor;
  • Todos nós somos feitos da mesma matéria-prima: pó;
  • Todos nós somos vasos estragados.

Todos nós somos barro nas mãos do Oleiro. O objetivo final do oleiro é fazer um vaso que seja capaz de ser usado no propósito para o qual ele fora criado. Deus é oleiro que está mexendo no barro para fazer de nós vaso de honra que possam ser usados para sua glória!
Por isso, Deus chega para Jeremias e diz: eu quero que você vá na casa do oleiro, que você desça da cidade alta e vá na casa do oleiro, e quando chegar lá, eu vou falar com você. É exatamente dessa forma que Deus começa o processo de construção dos vasos de honra.
Como barro nas mãos do Oleiro…
1. Creia que Ele precisa FALAR com você
“Esta é a palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor: vá à casa do oleiro, e ali você ouvirá a minha mensagem.” (v.1-2)
A primeira coisa que nós precisamos sair daqui com convicção no nosso coração, sem duvidar, sem deixar que o diabo tire essa bênção, essa dádiva da nossa vida, é que do jeito que Deus quis falar com Jeremias, ele quer falar conosco hoje. Ele é o mesmo Deus, o mesmo amor, a mesma graça, o mesmo plano de vida para cada um de nós. Ele quer falar conosco. E, quando cremos que Deus quer falar conosco, revoluções começam a acontecer.
Ele disse: Jeremias, desça que eu quero falar com você. E isso só pode ser uma metáfora da necessidade que nós temos que descer para poder ouvir, ajoelhar para poder escutar, descer dos planos mais altos onde achamos que estamos, para que nos mais baixos aprendamos o que precisamos aprender.
A ordem de Deus era para que Jeremias fosse à casa do oleiro. E se era na casa do oleiro, e não apenas numa simples olaria, é porque o oleiro exercitava o seu trabalho na sua própria casa. Ele morava naquele lugar. Deveria ser um homem simples, utilizando, na época, instrumentos rudimentares para produzir lindos vasos de barro.
Isso mostra que Deus está interessado em nossa restauração, porque ele nos ama. Por isso, precisamos entender que existem áreas, setores, aspectos, que há faces da nossa existência que não são, de maneira alguma, alcançadas pela mão humana, que o homem não pode atingir, que o beijo não pode curar, que o abraço não pode resolver.
São áreas profundas, são áreas íntimas, são áreas internas, são áreas que perpassam a nossa existência, o profundo e misterioso ser que nós carregamos nessa carcaça de carne e de osso, que só o Senhor pode entrar, que só o Senhor pode mudar, que só o Senhor acalentar, que só o Senhor pode extrair, que só o Senhor pode refazer, que só o Senhor pode reconstruir e que só o Senhor pode intervir, porque ele nos fez e ele nos conhece como ninguém. Deus é o maior patrocinador da restauração da nossa vida!
Como barro nas mãos do oleiro, precisamos crer que Ele quer falar conosco. E, se Ele quer falar conosco, é melhor que o ouçamos! Quando o Oleiro fala, as realidades do céu descem à terra. Quando o Oleiro fala, seu Reino se estabelece entre nós. Quando o Oleiro fala, milagres acontecem, pessoas são salvas, libertas, restauradas e curadas! Ei barro, preste atenção! O Oleiro quer falar com você!
Como barro nas mãos do Oleiro…
2. Creia que Ele está TRABALHANDO em você
“Então fui à casa do oleiro, e o vi trabalhando com a roda.” (v.3)
Que coisa linda! Que presente Deus deu ao profeta! Ele viu o oleiro trabalhando na roda. É claro que aquilo que Jeremias viu foi uma metáfora da vida. Ele não viu o grande oleiro do cosmos trabalhando, mas ele viu ali o tipo de Deus. A tipologia do Deus da vida estava diante dos seus olhos na expressão simples de um trabalhador manual na Palestina dos tempos antigos.
Jeremias viu aquele homem trabalhando. É que privilégio é estar acompanhando a vida de alguém. Isso entra no aspecto do aprendizado interpessoal que nós adquirimos desta vida tão dura. Quando a gente olha e vê Deus trabalhando na vida de alguém, às vezes usando métodos tão incompreensíveis, usando circunstâncias tão inesperadas e usando técnicas sem nenhuma explicação.
Mas como é bom, e Deus já me deu na vida oportunidade nesses anos de vida cristã e ministerial de, humildemente, acompanhar a vida de tantas pessoas naquela mesa de oleiro, que passaram naquela roda de oleiro, que estão passando de alguma maneira pelas mãos cuidadosas e, às vezes, intrépidas, mãos soberanas a quebrarem vidas do jeito que lhe convém para reconstruir algo novo e bonito.
Não há nada mais poderoso do que a experiência comunitária na igreja. Não estou falando de frequência comunitária às celebrações, mas falo das experiências das dores, a experiências das agruras, a experiência das experiências alheias, quando a gente observa Deus trabalhando de maneira soberana e sobrenatural na vida de pessoas que nós amamos.
Deus permitiu que o profeta contemplasse a raça humana, contemplasse o seu projeto para nós enquanto filhos e filhas, na figura simples, não simplória, de uma roda de oleiro. Foi na simplicidade de uma formatação intencional de um pedaço de argila. Deus pega o barro para moldar o vaso! Essa é a nossa matéria-prima. Esse texto, de uma certa maneira, nos humilha. Humilha os clérigos, humilha as autoridades, humilha os padres, humilha os pastores, humilha os membros, humilha os orgulhosos, humilha os ricos. Deus resume a nossa existência e ao que ele faz sobre ela a uma oficina medíocre de um artífice do tempo antigo: o oleiro. Deus mostrou a Jeremias o que é a humanidade e o que ele faz com ela.
Não há, absolutamente, nenhuma possibilidade plausível, bíblica e consciente de passarmos por um processo de restauração, de mudança para melhor, se nós não entendermos quem somos de fato, na essência da palavra. Somos barro sendo trabalhados nas mãos do Oleiro.
Socialmente, temos coisas que nos identificam: sou homem, sou mulher; sou pai, sou filho; sou funcionário público, sou funcionário privado; sou autoridade, sou sevo; sou pastor, sou ovelha. Mas, na verdade, todos esses selos de identificação social morrem dentro de uma pequena sala do mundo antigo, em uma olaria de segunda, onde um pedaço de barro é colocado em cima da roda e banhado com água para Deus dizer quem nós somos. Se nós não passarmos por essa consciência, nada vai mudar. Se você não tiver a consciência de que você é exatamente isso, nada vai mudar.
Mas aí surgem as excusas: Como é que eu posso me abrir? Como é que eu posso abrir as minhas chagas? Como é que eu posso expor quem eu sou? Como é que eu posso dizer que tenho problema com dinheiro, que tenho problema com mulher, que tenho problema com pornografia? Como alguém é capaz de abrir a vida se ela não se vê como barro, mas, ao contrário, se vê como superior ao barro e, muitas vezes, superior ao próprio Deus que a fez do barro?
Porém, uma coisa é certa: Deus ama esse barro. Do inanimado ele fez um ser à sua imagem e semelhança. Você é barro nas mãos do oleiro. Por isso, creia que Deus está trabalhando na sua vida para que você possa experimentar as realidades do céu na terra. Não desconsidere as dores, as lutas, as enfermidades e as perdas. Creia que Deus está trabalhando em sua vida de maneira sobrenatural para produzir um lindo vaso que será usado para honrar e glorificar o Seu nome.
Como barro nas mãos do Oleiro…
3. Creia que Ele tem um PLANO especial para você
“Mas o vaso de barro que ele estava formando estragou-se em suas mãos; e ele o refez, moldando outro vaso de acordo com a sua vontade.” (v.4)
Há um plano deliberado na olaria. Esse plano tem três fases: a concepção, o processo e a consumação. Todo plano é concebido, tem um processo para ser executado e ele tem uma conclusão que nós temos como objetivo. O oleiro tem um plano mestre a nosso respeito em suas mãos, um plano perfeito. O texto bíblico diz que ele trabalhava na roda. Essa palavra roda no original significa “DUAS PEDRAS”.
A palavra nos remete a um objeto formado por duas pedras. Eles pegavam as pedras, lapidavam em forma de rodas e ligava uma roda na outra através de um eixo de madeira. A roda maior ficava embaixo, o oleiro movimentava a roda debaixo com os pés, e a roda de cima girava. Na roda de cima, ele colocava o barro e a água. Aquela água ia moldando e dando forma à medida que ele intervinha com as suas mãos ali no barro.
Nesse processo ele usa uma frase que eu, particularmente, gosto muito: Mas o vaso de barro que ele estava formando estragou-se em suas mãos. Alguma coisa no processo estragou o vaso.
Eu quero perguntar uma coisa para você e responda com muito amor a si mesmo: o que é que se estragou na sua vida no processo? O que estragou o seu otimismo? O que estragou a sua alegria? O que estragou a sua vontade de abraçar pessoas? O que estragou a pureza da sexualidade na sua vida? O que estragou os seus sentimentos? O que estragou o seu equilíbrio emocional? Onde foi que se perdeu esse capítulo da sua história? O que perdeu a forma pretendida por Deus? Algo se estragou na construção da sua identidade. O que se perdeu desse plano perfeito? O que se perdeu desse vaso, cujo projeto era de inteireza, de integridade, de beleza, de utilidade nas mãos de Deus?
O fato é que se você não souber que algo se perdeu, ou que você perdeu, ou que você deixou perder, ou o que os outros tiraram de você, ou que a vida de alguma maneira quebrou a inteireza desse algo belo que Deus preparou para que você seja, você nunca estará apto para experimentar a restauração que ele lhe preparou.
Mas o vaso estragou-se em suas mãos. Se tivéssemos os olhos de Deus nesta hora, se olhássemos e contemplássemos ao nosso redor, viríamos massas informes quebradiças girando na roda da vida, na roda de Deus. Mas há uma coisa impressionante nesse texto. Deus está trabalhando com o barro. E nesse trabalho ele vai colocando água, porque sem água a argila não cola, sem água a argila não toma forma, sem água a argila não é maleável. Quem será essa água? Porque o oleiro é o Pai, a água é o Filho, a Água da Vida.
De repente, o vaso de se quebra. E eu quero dizer a coisa muito séria a vocês: a igreja hoje vive dos planos B de Deus. Porém, Deus não tem plano B, Deus tem plano A sempre. Nós descartamos pessoas, porém, observe que o mesmo vaso que quebrou nas mãos de oleiro volta a ser de novo a mesma matéria-prima que retorna para a roda para ser feito algo novo. Isso nos dá uma garantia: Deus não nos exclui, Deus não nos rejeita, Deus não nos joga fora, nós não somos descartáveis como o mundo acha que somos, nós não somos pessoas de segunda mão, nós não somos um plano B, nós não somos o acaso do universo.
Deus olha para cada um de nós, assim mesmo como somos, e nos assegura que o projeto de restauração que ele tem para nós é com o mesmo barro que quebrou nas suas mãos. Nós continuamos sendo a mesma matéria-prima que Deus escolheu para um projeto especial! Por isso, olhe para você e diga: a minha vida tem jeito! Deus molda o vaso de acordo com a sua vontade. Deus está nos pedindo para voltar para a roda! Esta mensagem é para brincar de roda, na roda do oleiro. Voltar para mesa, com a mesma matéria-prima, porque a nossa vida tem jeito!
Entenda que o nosso valor e a nossa identificação não são a partir do que somos em essência, mas a partir do valor que Deus deu àquilo que não vale nada. Ele olhou para nós e disse que nós temos valor. E, embora sejamos barro, a nossa vida tem jeito. Porque o vaso quebrou, mas o barro é o mesmo. E se o barro é o mesmo, Deus vai levar para a mesa e vai fazer de novo. Mas é segundo a vontade dele! Ele é soberano e sabe o que faz!
Meu irmão, Deus tem um plano especial para sua vida. Um plano soberano e melhor. Não olhe para as circunstâncias, mas creia que elas são como a olaria, onde Deus está trabalhando para fazer de você um vaso perfeito, pronto para manifestar as coisas do céu aqui na terra!
Conclusão:
Como barro nas mãos do Oleiro…
1. Creia que Ele precisa FALAR com você
2. Creia que Ele está TRABALHANDO em você
3. Creia que Ele tem um PLANO especial para você
Se você me perguntar se hoje eu estou vivendo os momentos mais felizes da minha vida, não estou. Mas quem vos fala agora, barro, simplesmente, barro, tem autoridade para dizer: eu vivo para a glória de Deus, e sei que na busca pela vontade e de realizar a glória de Deus, terei a felicidade de ouvir do oleiro a doce voz a dizer: eu quebro você, mas eu faço você como eu quero! A nossa vida tem jeito, porque fomos feitos para a glória de Deus!

 

Rolar para o topo