Igreja Batista Memorial em Jardim Catarina

Desista da Ira (25/01/2015 – noite)

SÉRIE: DESISTA PARA SER FELIZ – 07/12
DESISTA DA IRA
mensagem pregada pela Pra. Tatiana Ramos
“Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: minha é a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor. Ao contrário: Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele. Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem.” (Romanos 12.17-21)
Esse texto Bíblico nos ensina como devemos desistir da ira para sermos felizes. É interessante que a ira é uns dos pecados mais cometidos por nós desde a tenra idade até a velhice. Quem já não viu, passou ou fez uma pirraça, como uma maneira de expressar sua ira descontrolada? Por ser tão comum e por conviver com esse sentimento desde cedo, não damos a devida importância de como ela afeta a qualidade de nossa vida e de quem convive conosco.
Temos a ideia que a ira é a explosão de todo acúmulo de situações que vão nos tirando do sério e justificamos nossas explosões. Somos verdadeiros homens bombas, com justificativas compreensíveis. Ouvi um conceito de ira bem interessante. Ira é o arrebatamento do juízo. Motivada por nosso censo de justiça e nossos critérios.
Nós iramos quando nos sentimos injustiçados, fracassados, perdendo o controle. A ira pecaminosa acontece porque gira em torno de nossa pessoa e não da injustiça alheia. A ira de Deus vem por causa da injustiça feita ao mais necessitado. Para nossa ira ser legítima precisa ser em favor do outro e não de nós mesmos. Quando o injustiçado sou eu, o texto nos ensina a pagar com bem, deixar o desejo de se irar descontroladamente com Deus, ser um pacificador e abençoar quem nos feriu.
Esse é o desafio que Deus, em sua Palavra, deseja que eu e você nos comprometamos de desistir da ira para viver a vida abundante que Jesus nos concedeu na cruz. Para isso iremos observar três homens bíblicos que tiveram suas experiências com o sentimento da ira e como eles reagiram. Dois de forma pecaminosa e um de forma desejável.

TRÊS HOMENS E SUAS EXPERIÊNCIAS COM A IRA

Caim – A Ira provocada pela FRUSTRAÇÃO

“Passado algum tempo, Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor, Abel, por sua vez, trouxe as partes goradas das primeiras crias do seu rebanho. O Senhor aceitou com agrado de Abel e sua oferta, mas não aceitou de Caim e sua oferta. Por isso Caim se enfureceu e o seu rosto se transtornou. O Senhor disse a Caim: Por que você está furioso? Porque se transtornou o seu rosto? Se você fizer o bem não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça a porta, ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo.” (Gênesis 4.3-7)
Aqui nesse texto é relatado o início do primeiro assassinato da humanidade. Alguém se sentiu frustrado por não ter sido aceito e deixa que sua frustação se transforme em ira. Enfim, deixou-se dominar por ela levando-o a matar o seu próprio irmão. Caim deixou que sua frustação virasse uma ira pecaminosa, deixou que ela o dominasse. De tão irado Caim ouviu mais sua ira do que a Deus.
A ira é uma emoção e não um pecado em si, e nem devemos nos sentir culpados por senti-la. A ira faz nosso sangue ferver, mas precisamos segurar, porque, se ela nos inundar, perdemos a cabeça. A ira é a vitória do ódio. As filhas da ira são brigas e contendas, que geram morte.
Jesus, em um dos seus textos, diz que seremos réus de juízo se chamarmos o nosso irmão de tolo e os estudiosos explicam que a palavra usada por Jesus foi raqa, e que essa expressão além de chamar o outro de cabeça vazia, de quem não tem cérebro, também significa o som que a garganta faz quando vamos cuspir alguma coisa.
Jesus estava querendo também nos ensinar que quem cuspir, isto é desprezar seu irmão, será réu de juízo. Quando nos deixamos dominar pela frustação e pela ira cuspimos pessoas de nossa vida e as matamos sem nenhuma dor de consciência. Muitas das vezes não chegamos a matar fisicamente, mas desprezamos, fingimos que não existem, não as vimos mais como seres feitos à imagem e semelhança do Senhor.
Interessante que Caim matou Abel porque não foi aceito por Deus e Abel foi. Caim transferiu sua frustação para uma terceira pessoa, que foi sua vítima. Assim agimos com a ira pecaminosa. Poucas vezes, quem recebe nossa ira é pessoa que nos feriu. Pr. Alcione diz em seu livro Reconstruindo o caráter ferido diz o seguinte: “Raramente brigamos com as coisas reais. Escolhemos homes e mulheres substitutos para combater”.
Quantos de nossos filhos, cônjuges, sofrem com nossa destruição provocada por nossa ira, porque estamos frustrados por causa do trabalho ou de uma não aceitação. A ira é uma forma de idolatria, idolatria do nosso ego. Iramo-nos porque os outros não agiram como queríamos ou coagimos os outros a fazerem o que desejamos, porque pensamos que tudo começa e termina em nós.
O outro só mostra o que temos que destruir em nós, denuncia nossa alma pecaminosa, que queremos esconder. O mundo não gira em torno de nós. O mundo existe para glória de Deus. Dizemos que as pessoas nos deixam irados porque é melhor terceirizar, justificar o erro, mas, na verdade, a ira demonstra o desejo de que tudo aconteça como nós planejamos, mesmo quando falhamos.
Caim deu do que tinha, Abel deu do melhor e antes de usufruir do seu próprio bem. Por isso Deus aceitou a oferta de Abel e não a de Caim. Caim não soube olhar para si mesmo e ver que a não aceitação veio da sua própria atitude de se mandar, de fazer o que quer e ter as consequências que quiser. Caim pecou não pelo sentimento de ira e sim porque deixou que ela o dominasse, porque não admitiu suas falhas e não se arrependeu.
Deus foi ao seu encontro para fazê-lo refletir sobre suas atitudes presentes e futuras, mas a ira não nos deixa pensar, só nos faz agir sem juízo. Caim deixou a ira dominar e matou seu irmão. Deus não desistiu de Caim, foi mais uma vez fazê-lo refletir sobre seus atos de ira e ele, ainda furioso, disse que não era guardador do irmão.
A ira não acaba com ataques, explosões de ira, elas nos mantém cativos, amargurados, irritados, cheios de ressentimento. Infelizmente Caim se afastou da presença de Deus, não abandonou a ira, não deixou sua ira com Deus, tomou-a como sua companheira e toda sua descendência, e os lugares que ele fez como residência, foram lugares de violência e de homens vagabundos.
Não durma com a ira, resolva suas iras entregando para aquele que vai lembrá-lo quem você é e como que você precisa aprender a se irar.

Pedro – A Ira provocada pelo IMPULSO

“O insensato revela de imediato o seu aborrecimento, mas o homem prudente ignora o insulto.” (Provérbios 12.16)
Pedro é um homem bem conhecido nosso. Percebemos que umas das suas características era a impulsividade. Pedro tinha coragem de fazer perguntas que ninguém tinha, ele se lançava nas ordens de Jesus, questionava Jesus em sua obediência no plano de salvação, ele também prometia rapidamente ser fiel, na ocasião da prisão de Jesus, não teve dúvida, pegou sua espada e feriu o homem. Pedro nos ensina que o impulso nos faz agir irado descontroladamente, sem pensar. Bateu, levou, sem nenhum domínio próprio.
No mundo atual somos louvados quando agimos assim, somos convidados diariamente a agirmos por impulsos, são propagandas nos fazendo pensar rápidos e fazer escolhas sem pensar. Somos imediatistas e essa forma de vida nos leva a pecar irando-nos. Nos irritamos à toa: porque tá calor, porque tá engarrafado, porque tem alguém mole na nossa frente, com o caixa eletrônica, com os filhos que não deixam usar nossas redes sociais em paz e por aí vai.
Estamos prontos para gritar, brigar, discutir se as coisas saem do nosso controle, perdemos o controle com elas. Como Pedro, estamos sempre com a espada pronta para ser usada e esquecemos a que reino pertencemos.
A Bíblia indica que aquele que em qualquer situação já demonstra aborrecimento e sua ira é tolo, insensato. Se quisermos ser sábios, precisamos deixar o Espírito Santo de Deus no controle. A ira pecaminosa existe quando temos motivações egoístas, queremos preservar nossa reputação e por ansiedade de resolver situações e também quando a expressamos mal.
Quando nos iramos por causa da injustiça alheia, mas nos expressamos mal, a ira é pecaminosa. Pedro agiu por uma motivação certa, injustiça contra Jesus, mas expressou mal, machucando quem praticava o mal. Usamos a ira para atacar e não para ser um canal que devemos procurar uma solução para injustiça cometida.

Jesus – A Ira IMEDIATA e CONTROLADA

“Quando vocês ficarem irados, não pequem. Apaziguem a sua ira antes do sol se por e não deem lugar o diabo.” (Efésios 4.26-27)
Jesus é a manifestação de Deus, sendo homem perfeito. Jesus em seu tempo de vida se irou várias vezes, mas não pecou. Precisamos aprender com ele sobre irar e não pecar. Jesus tinha suas emoções totalmente controladas em Deus. Como Ele mesmo disse a Tomé: Quem vê o Pai, vê a mim. Tudo que o Pai faz, eu também faço.
O episódio mais claro de ira de Jesus, foi quando Ele vê o que as pessoas estavam fazendo com o templo. Jesus se indignou, se irou, pelas pessoas estarem usando a casa de Deus, para seu próprio proveito. Jesus derruba as vendas, coloca ordem e declara, que a casa de Deus não é comércio, é a casa aonde todos precisam chegar para terem contato com Deus.
A ira de Jesus estava relacionada com o Reino de Deus e não com sua própria vida, Jesus derrubou coisas e não pessoas, Jesus ensinou e não amaldiçoou.
Outro episódio de demonstração de ira foi Jesus queimar uma árvore, porque ao chegar a ela para se alimentar, não possuía frutos. Jesus se irou porque algo que nasceu para produzir só tinha aparência, não estava vivendo para o propósito que foi criado.
Quando estudamos a Bíblia vemos várias vezes a demonstração da ira de Deus, e se somos sua imagem e semelhança, também possuímos essa emoção, mas o pecado a distorceu, agimos em defesa própria e não por causa de justiça; na verdade não sabemos ser justos, só Deus o é. Por isso precisamos entregar as injustiças na mão do Pai.
É possível irar-se e não pecar, desde que não a deixemos nos controlar, mas imediatamente, entrega-lá ao justo juiz. É possível irar-se e não pecar quando tomamos atitudes para defender as injustiças do próximo, guiados por Deus, porque ver a injustiça e ser apático, isso também é pecar. Não podemos atacar o injusto e sim a injustiça.
Irar-se é indignar-se contra a injustiça; pecar é querer fazer justiça com as próprias mãos, mesmo que bem intencionado. Não peca quem espera no Senhor. Todas as demonstrações de ira de Jesus estavam relacionadas às injustiças e ao Reino de Deus. E as nossas?
Conclusão:
Aprendemos com esses três homens os efeitos da ira. Hoje é oportunidade de deixar a ira que nos corrói, que nos deixa insensato, que nos tira do sério, que nos faz explodir a todo momento.
É hora de confessar que nossa ira é fruto do nosso Eu que ainda não está morto e que precisa ser morto a cada dia para desfrutarmos de uma vida feliz.
É hora de confessarmos que pecamos contra Deus e nosso próximo quando nos deixamos dominar pela ira. Que destruímos pessoas e lugares com nossos ataques descontrolados, que o ambiente pode estimular, provocar, mas ainda podemos escolher obedecer.
É tempo de aprendermos a nos irar pelos motivos certos e com expressões certas. É hora de reconhecer quando a ira chega, e resolver, não com nossos parâmetros, mas com ajuda do Espírito Santo de Deus.
No livro Academia da Alma tem uma oração que queria que você refletisse nessas palavras:
“Deus, não consigo separar o ódio que sinto do que aconteceu do ódio pela pessoa que agiu. Desprezo a ação. Abomino quem a realizou. Minha fúria é a minha única vingança. Mas Deus, minha fúria destrói a mim também. Sinto essa raiva fervendo, marcando minha alma como ferro. Ó Senhor, meu Deus, livra-me do mal que eu faria a mim mesmo”.

  • Quantos nessa noite desejam pedir a Deus que os ajude a desistir da ira?
  • Quantos nessa noite desejam deixar de ser controlados por frustações, por irritações, por impulso destrutivos, por viver brigando por seus possíveis direitos?
  • Quantos tem coragem hoje de dizer eu preciso deixar a ira para ser feliz?

 

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