Igreja Batista Memorial em Jardim Catarina

Esmirna – A Igreja que Não Cedeu

CARTAS ÀS IGREJAS DO APOCALIPSE – 02|07
CARTA À IGREJA EM ESMIRNA | A IGREJA QUE NÃO CEDEU
mensagem pregada pelo Min. Marcelo Araújo
“Ao anjo da igreja em Esmirna escreva: Estas são as palavras daquele que é o Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver. Conheço as suas aflições e a sua pobreza; mas você é rico! Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo antes sinagoga de Satanás. Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Saibam que o diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida. Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte.” (Apocalipse 2.8-11)
A igreja de Esmirna entendia a linguagem do sofrimento. Por causa da perseguição e da pobreza, a alma deles era fluente no dialeto da fome, da solidão, da humilhação, do medo e da dor. Uma igreja fiel, que não cedeu às tentações e pressões do mundo.
Lembre-se de que, das sete igrejas do Apocalipse, apenas Esmirna e Filadélfia não receberam críticas, apenas elogios. Mas, nem por isso, ela escapou do sofrimento; ela não deixou de perseverar. Até o nome da cidade serve para descrever o que a igreja estava passando naquele momento da história. Esmirna significa mirra (erva amarga). A igreja realmente estava experimentando o sabor amargo de viver num mundo infectado pelo pecado. A vida é sim amarga no mundo em que vivemos.
Através das cartas à Éfeso e à Esmirna, o Apocalipse ensina que se a primeira marca de uma igreja, ou de um cristão, que Deus aprecia é o amor (Éfeso), a segunda é o sofrimento (Esmirna). Uma é naturalmente consequência da outra. A disposição de sofrer prova a autenticidade do amor. Estamos dispostos a sofrer apenas por aqueles que amamos. A prova de que os crentes de Esmirna não tinham perdido o primeiro amor, como haviam perdido os crentes de Éfeso, estava no fato de eles estarem preparados e dispostos a sofrerem pelo Senhor.
Como o cristianismo desta época da história, do nosso tempo, está carente de cristãos assim, amorosos e sofredores. Precisamos da igreja de Esmirna para nos ensinar a cultivar a marca do sofrimento, que é fruto do amor.
Quais os tipos de sofrimento que a igreja de Esmirna sofreu por causa do evangelho de Jesus e o que eles podem nos ensinar? Duas eram as fontes principais do sofrimento dos cristãos de Esmirna: resistência ao império e revolta dos ímpios.
Os cristãos de Esmirna se recusaram abertamente a acender incenso diante das estátuas romanas e também de chamar Tibério César de senhor. Sabiam que era idolatria. O resultado foi que sofreram todo tipo de retaliação, perseguição e até confiscação.
Além das consequências pela resistência ao império, os cristãos de Esmirna também sofreram com a revolta dos ímpios. Havia em Esmirna uma grande comunidade judaica, que Jesus descreveu de forma ríspida como sinagoga de Satanás. Tendo, pois, identificado as fontes do sofrimento, vejamos as formas de perseguição que se manifestaram em Esmirna, pois elas se manifestam ainda hoje.
1ª Forma de Perseguição – PRIVAÇÃO
“Conheço as suas aflições e a sua pobreza…” (v.9)
É de surpreender que numa cidade rica e próspera como Esmirna qualquer de seus cidadãos fosse pobre. Mas, por que os cristãos eram assim tão pobres? Talvez eles pertencessem à classe mais baixa da sociedade (1Co 1.26). Talvez o amor e a generosidade os tivessem feito vender o que tinham para ajudar quem mais precisava (At2.44; 4.32, 34).
Mas, nenhum destes dois fatores explica a razão para tanta pobreza. A sua pobreza era fruto de suas “aflições”, ou seja: decisão de agir corretamente nos negócios; renúncia aos métodos suspeitos e inescrupulosos; judeus e pagãos que se negavam a fazer negócios com cristãos; confisco dos bens por parte das autoridades. Isso e muito mais fez aquele povo passar por tanta privação. John Sott afirmou:

“Ainda hoje nem sempre é gratificante ser cristão. E a honestidade a qualquer preço nem sempre é o melhor procedimento, se o ganho material é nossa ambição. A pobreza tem frequentemente sido parte do custo do discipulado cristão.”

É importante que saibamos que à medida em que o fim se aproxima e o espírito do anticristo se manifesta, quem não pensar e não agir como um deles será perseguido e sofrerá grandes privações.
2ª Forma de Perseguição – DIFAMAÇÃO
“… Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo antes sinagoga de Satanás.” (V.9)
Em Esmirna, Judeus espalhavam falsos rumores sobre os cristãos. As mentes das pessoas da cidade estavam sendo envenenadas contra os cristãos. Os inimigos de Cristo viviam, e ainda vivem, de “caluniar” ou de “blasfemar” contra os cristãos. Jesus chega a chamar tais caluniadores de Esmirna de “sinagoga de satanás”, pois eles tinham aprendido as táticas de seu mestre, o diabo (Ap 2.10), que é “acusador” e “caluniador”.
O Senhor já o tinha chamado de “mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44), cujos seguidores compartilham sua aversão pela verdade. É incrível como a maledicência exerce tanta fascinação sobre nós todos. A Bíblia diz:
“As palavras do caluniador são como petiscos deliciosos; descem saborosos até o íntimo.” (Provérbios 26.22)
Incrédulos, dentro e fora da igreja, nutrem-se desta suculenta iguaria. Cuidado! Você pode ser usado por Satanás para difamar e ferir. Pior do que perder bens e dinheiro em qualquer perseguição é perder o que temos de mais valioso: a reputação. Difamação fere muito e o segredo para quem é difamado é agir como Jesus:
“Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava- se àquele que julga com justiça.” (1ª Pedro 2.23)
3ª Forma de Perseguição – PRISÃO
“Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Saibam que o diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias.” (V.10)
Os cristãos estavam prestes a passar um período de muito sofrimento. Seriam privados da liberdade, do convívio com os seus amados, seriam torturados e humilhados ao extremo. Seria um período curto e localizado (“durante dez dias”), mas seria intenso e doloroso o bastante.
4ª Forma de Perseguição – EXECUÇÃO
“… Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida.” (V.10)
A perseguição era tão feroz, que o martírio também era uma possibilidade. Um dos mártires cristãos mais conhecidos de todos os tempos era natural de Esmirna. Seu nome era Policarpo. A tradição diz que quando o Apocalipse chegou à igreja de Esmirna, Policarpo era o seu pastor titular e, portanto, foi quem leu a carta para a congregação. Mal ele sabia que ela já era parte de uma fonte de ânimo da parte de Deus quando sua hora de provação chegasse. Ele seria morto pelo fio da espada de um soldado.
Todos quantos quiserem viver piedosamente, sofrerão perseguição (Jo 16.33); privação, difamação, prisão e até execução. O sofrimento é parte do discipulado cristão. Mas, como é possível vencer o sofrimento e a perseguição por causa de Cristo? Olhando para as palavras de Jesus à igreja de Esmirna, nós podemos aprender dois princípios que nos ajudarão a triunfar sobre o sofrimento e a perseguição por causa de Cristo:
1º Princípio – CORAGEM
“Não tenha medo do que você está prestes a sofrer… Seja fiel até a morte…” (V.10)
Quando bater o medo do que você irá sofrer, dê lugar à fé. A fé e o medo são opostos. Ambos não podem coexistir. A fé afugenta o medo. O salmista escreveu o seguinte:
“Os meus inimigos pressionam-me sem parar; muitos atacam-me arrogantemente. Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti. Em Deus, cuja palavra eu louvo, em Deus eu confio, e não temerei. Que poderá fazer- me o simples mortal?” (Salmo 56.2-4)
Quando Deus nos dá uma missão, ele nos agracia com coragem. Mas, a fé que produz coragem é como um músculo que precisa ser exercitado. A palavra de Deus para Josué foi:
“Ninguém conseguirá resistir a você todos os dias da sua vida. Assim como estive com Moisés, estarei com você; nunca o deixarei, nunca o abandonarei. Seja forte e corajoso, porque você conduzirá este povo para herdar a terra que prometi sob juramento aos seus antepassados. (…) Não fui eu que lhe ordenei? Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar.” (Josué 1.5-6,9)
2º Princípio – CONHECIMENTO
Para fortalecer a fé em Deus, a fé que produz coragem, nós precisaremos conhecer a Deus. Fé vem pelo ouvir. Ouvir sobre quem Deus é e o que Deus faz. Escrevendo à igreja de Esmirna, Jesus fez sete descrições únicas de si mesmo, que se compreendidas e absorvidas produzirá fé e coragem:

  • O Senhor FALA conosco – Em meio ao sofrimento, como é bom saber que Deus fala conosco!

“Ao anjo da igreja em Esmirna escreva: Estas são as palavras daquele que é…” (v.8)

  • O Senhor é ETERNO – Em meio ao sofrimento, como é bom saber que Deus não muda! Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre!

“… Estas são as palavras daquele que é o Primeiro e o Último…” (v.8)

  • O Senhor é VITORIOSO – Em meio ao sofrimento, como é bom saber que assim como Cristo sofreu também nós sofreremos, mas no final venceremos.

“… Estas são as palavras daquele que é o Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver.” (v.8)

  • O Senhor SABE o que PADECEMOS – Em meio ao sofrimento, como é bom saber que Cristo conhece o que estamos passando e sabe o que padecemos. Ele se compadece.

“Conheço as suas aflições….” (v.9)

  • O Senhor CORRIGE o nosso FOCO – Em meio ao sofrimento, como é bom saber que Cristo tem valores diferentes dos do mundo, material e espiritualmente.

“Conheço as suas aflições e a sua pobreza; mas você é rico! Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo antes sinagoga de Satanás.” (v.9)

  • O Senhor é SOBERANO sobre o nosso SOFRIMENTO – Em meio ao sofrimento, como é bom saber que Cristo não só controla, mas também tem propósitos para o nosso sofrimento. Tem hora para começar e para terminar. Tem também propósitos bem definidos: purificarnos.

“Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. O Diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias.” (v.10)

  • O Senhor ALIMENTA a nossa ESPERANÇA com o GALARDÃO – Em meio ao sofrimento, como é bom saber que Cristo alimenta a nossa fé e a nossa esperança, apresentando-nos o galardão.

“Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida. Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte.” (v.10,11)
Conclusão:
A mensagem da carta à igreja de Esmirna é uma prova para nós, como foi para eles: se somos verdadeiros, fieis e piedosos, sofreremos. Porque a pessoa que ama vai às últimas consequências pela pessoa que se ama. O amor tudo suporta. Soframos, pois, sem temor.
Aquele que morreu e tornou a viver – o Senhor Jesus – conhece as nossas provações, controla o nosso destino, e ele mesmo nos dará, no final da corrida, a coroa da vida. No mundo nós sofreremos. A vida é amarga. Agora, há duas maneiras de sofrer. Há aqueles que sofrem pelas consequências de seus erros e pecados. Há aqueles que sofrem por buscar ser como Jesus: amando a Deus e ao próximo. E, então, como viveremos? Pedro nos dá a orientação:
“Quem há de maltratá-los, se vocês forem zelosos na prática do bem? Todavia, mesmo que venham a sofrer porque praticam a justiça, vocês serão felizes. Não temam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados. Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias. É melhor sofrer por fazer o bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal. Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir- nos a Deus. Ele foi morto no corpo, mas vivificado pelo Espírito.” (1ª Pedro 3.13-18)
Se a sua alma está gemendo, saiba que a de Jesus gemeu e ainda geme. Ele sabe o que é padecer. Diferente de nós, não por ter pecado, mas para nos salvar do pecado. Como Esmirna, siga com fé, esperança e amor. Sem ceder ao mundo.

 

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